terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ESCOLHER BEM PAR QUER VOTA NÃO É OBRIGADO,JOSE AUGUSTO LONGO


Vem eleição, passa eleição e, por essas bandas, a cantilena é a mesma. Durante a campanha, só se ouvem loas aos candidatos, com cada facção louvando mais o seu. Durante a campanha, só é ruim, só é ladrão, corrupto e outras “cositas más”, aquele que não reza em nossa cartilha. O nosso, não! O nosso preferido é o mais honesto, o que melhores propostas apresenta; é aquele que vai fazer a revolução progressista que todos esperamos. O outro, virgem Maria! Só diz lorotas, só conversa fiado. Seu psêudo programa de governo é uma enganação, um engodo, seu “rabo” é maior que o do pavão.
Esse lenga-lenga,  já se tornou rotineiro ha cada quatro anos. Todos continuam  firmes em seus partidos, e por eles brigam, sem se incomodarem em prestar a mínima atenção; sem parar um minutinho sequer para analisar a procedência do seu escolhido, muitas vezes o mesmo que anteriormente os decepcionou, que já teve oportunidade de bem os representar  e, ao invés disso, meteu a mão, se locupletou com o erário, e por pura incompetência  ou por irresponsabilidade, deixou de fazer aquilo que prometeu em campanha e, quando não pode concorrer, por qualquer motivo, coloca em seu lugar um parente próximo ou um preposto que o obedeça com  fidelidade.  Mas, como é uma obrigação, memória é curta e o interesse muitas vezes escuso do eleitor sobressai ao interesse coletivo, a coisa sempre se repete: o candidato da minha cor partidária, quando em campanha, é um santo, um benfeitor, um exemplo de honestidade. No fim da campanha, ganha aquele que mais adeptos conseguir, aquele cujas mentiras melhor chegarem aos ouvidos do incauto eleitor. Justamente este eleitor que terá, depois de poucos meses, o restante inteiro do mandato para falar mal do seu escolhido que, por não atender aos seus interesses pessoais passa a ser execrado em via pública, vaiado em solenidades. Depois de eleito, aquele ou aquela, que antes merecia os mais acalorados elogios em comícios e passeatas, passa a ser o que realmente sempre foi: um inútil para com  as coisas públicas e um fiel benfeitor, unicamente do seu próprio bolso,  dos seus familiares e apaniguados, restando um pouquinho do “osso”, apenas,  para alguns “chaleiras” que, por serem totalmente desclassificados, acostumam-se com pouca coisa.
Muitos críticos do sistema costumam afirmar que o problema só existe, porque o voto no Brasil é obrigatório. Acham esses críticos que, caso o voto passasse a ser facultativo, os maus políticos, viciados com a perpetuação dos seus respectivos esquemas, desistiriam de concorrer, por medo de que não funcionasse a velha maneira de proceder. Com o voto facultativo, passaria a ser uma temeridade, agir, por exemplo, com a compra de votos. Pensam eles, os políticos, que pagar por uma mercadoria duvidosa não seria bom negócio. Hoje, como votar é obrigação legal, é mais difícil ao eleitor deixar de cumprir com a negociata.
Vez por outra o assunto volta à baila. Sempre que se aproxima um  período eleitoral, os holofotes da imprensa passam a focar os salões do Congresso Nacional, onde esta e outras matérias de cunho eleitoral voltam a ser temas obrigatórios.
Ocorre que, quem muda as leis que disciplinam as eleições são os próprios políticos, daí a dificuldade da mudança. Falando sobre este tema, bem como sobre como se comporta o nosso eleitor, vejamos, abaixo, o que escreveu o consagrado jornalista Marcos Tavares, em sua coluna no Jornal da Paraíba, em 26 de novembro último:
“O ELEITOR, ESSE AUSENTE
Os políticos até tem razão quando não votam nem a pau o fim do voto obrigatório. A classe política está tão desgastada no imaginário popular que não fosse pela obrigação, muito pouca gente sairia de casa para dar seu voto. A base da democracia são as eleições. Espera-se que em cada eleição o eleitor corrija erros, posicione-se contra quem não foi honesto, delete quem portou-se mal, em suma, que ele escolha o melhor para sua terra e seu país. Mas a realidade mostra que o eleitor vota por qualquer outro interesse, menos pela moralidade, e está pouco se lixando para o que aconteceu no passado.
 Essa conclusão foi de estudiosos de política da USP, que mostram numericamente que o PT não se manchou nas últimas eleições, mesmo no auge do escândalo do mensalão e com a grande imprensa desbancando a legenda. O PT foi o partido que mais foi a segundos turnos em prefeituras e que mais elegeu vereadores. Logo, é sonho esperar que o mensalão arranhe a imagem de Dilma ou obstacule sua volta, como mostram os números das pesquisas de opinião feitas até agora. Nem mesmo a oposição bate e insiste nessa tecla, temendo talvez uma rebordosa que quebre seus telhados de vidro.
 Nem o mensalão do PT interessa ao eleitor, nem o provável mensalão dos tucanos. Para o eleitor isso é de somenos importância. Ele vota por vantagens, por simpatia, pela manutenção dos seus auxílios federais, vota por todas as causas, menos por programas ou moralidade. Os políticos foram todos enterrados numa vala comum e na hora do voto o eleitor decide pelo seu corrupto contra o corrupto adversário. E assim vamos nós, de eleição em eleição, sufragando os mesmos nomes, adiando os mesmos problemas e sofrendo a mesma miséria”.
José Augusto Longo
(josaugusto09@gmail.com)

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